Mulher corretora e o fortalecimento do mercado imobiliário

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publicado originalmente no Linklar.

A dedicação aos estudos é apontada como forma de ascensão na carreira./ Foto: divulgação Confeci-
Creci

Considerada até anos atrás uma profissão masculina a corretagem de imóveis tem conquistado cada vez mais profissionais femininas. De acordo com dados do Sistema Confeci-Creci o número de mulheres atuando em várias vertentes do mercado imobiliário cresceu 144% na última década. Hoje elas representam 32,7% dos 280 mil corretores no País. A mudança no cenário profissional foi tanta que na comemoração do cinquentenário da regulamentação profissional dos corretores, o Confeci-Creci criou o projeto Mulher Corretora, a fim de homenagear e ao mesmo tempo reconhecer à importância das mulheres no fortalecimento do mercado imobiliário.

Fátima Sobral

O sucesso do projeto foi tanto que ele se repetirá em 2013. A diretora administrativa do CRECI Sergipe e conselheira federal do COFECI, responsável pelo projeto Mulher Corretora, Fátima Sobral, conta que se notou a aceitação do projeto durante o IV Encontro Brasileiro de Corretores de Imóveis (ENBRACI), ocorrido entre os dias 27 e 30 de agosto deste ano, em Brasília. “Pudemos ver essa resposta positiva durante o evento, especialmente durante o Fórum Mulher Corretora. Para agregar conteúdo e compartilhar experiências, mulheres de renome e influência nacional deram sua contribuição no evento, com palestras e debates muito construtivos. Foi muito produtivo para todas nós! A expectativa é de que a cada ano, mais mulheres corretoras de imóveis façam parte desse projeto nas atividades do COFECI, bem como em todos os Conselhos Regionais”, lembra.

Apesar do número de mulheres ter aumentado na última década, elas ainda não chegam nem a metade dos profissionais do mercado imobiliário. Para Raquel Trevisan, diretora da Taperinha Imóveis, isso ocorre, pois “todo o mercado imobiliário ainda está amadurecendo. Por muitos anos tivemos poucos investimentos, não havia quase bibliografia, congressos, cursos de aperfeiçoamento, etc. Acho natural que as mulheres não participassem, pois no mundo empresarial como um todo ainda somos minoria. Mas isso já está mudando e é um caminho sem volta”, explica a diretora.

Raquel Trevisan


Raquel é formada em administração de empresas e fez pós-graduações em marketing. Antes de atuar como diretora da imobiliária prestou serviços de consultoria para outras empresas, abriu a sua própria e ministrou aulas de graduação. Começou prestando serviços de marketing para a Taperinha, na qual o pai era um dos sócios fundadores, e assim com o passar do tempo passou a se dedicar exclusivamente a gestão da imobiliária. Mas até chegar a direção da Taperinha o caminho percorrido por ela não foi fácil. “Sendo um dos herdeiros e a única mulher com perfil pra assumir o posto, tive que conquistar cada espaço dentro da empresa perante os funcionários e os outros sócios, mostrando que eu estava ali pelo meu conhecimento e não porque ‘ganhei’ de presente”, relata.

A dedicação aos estudos é um dos pontos apontados pelas duas entrevistadas para ascensão na profissão. Fátima enfatiza que “hoje, nós, corretoras e corretores de imóveis, nos tornamos fundamentais para os negócios imobiliários de sucesso. E é inevitável: o profissional que não se destaca, que não investe em seu aprimoramento e maior domínio de conhecimentos, é automaticamente excluído do mercado pela concorrência e pela própria sociedade, cada vez mais exigente”.

Raquel completa dizendo que ainda acredita que exista “muito amadorismo no nosso mercado. Competimos com porteiros, zeladores e com aqueles que acham que vender um imóvel é algo fácil, que é só “mostrar” o imóvel. Muito pelo contrário, cada vez mais a venda é algo complexo, o cliente torna-se mais e mais exigente, sabe mais e pesquisa mais. Quem não tiver consciência disso vai ser engolido pelo mercado”.

Tanto a conselheira federal tanto a diretora da Taperinha enfatizam que a mulher tem se destacado no setor por conta de características naturais. Para Sobral o diferencial está em detalhes marcantes que “favorecem seu desenvolvimento nos negócios, tais como sensibilidade, carisma, capacidade de comunicação e de compreensão, entre outras peculiaridades. A mulher moderna é mãe, esposa e gera renda para a família”. Já para Trevisan o diferencial está porque as mulheres têm “muito mais sede de aprender, de ir além que os homens em geral. Somos multitarefas, fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, além de ter uma percepção da linguagem não verbal que exercemos na maternidade. Tudo isso é diferencial em relação ao universo masculino, pois no mercado imobiliário estas habilidades são fundamentais. Somado a isso, a profissão de corretora possibilita às mulheres terem uma jornada flexível, aliando trabalho com a possibilidade de acompanhar o crescimento dos filhos, coisas que várias profissões ainda não possibilitam”.

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